Conheça as mulheres que desafiaram barreiras e mudaram a forma como entendemos o mundo.

A história da ciência é, em muitos casos, narrada a partir de nomes conhecidos como Einstein, Newton e Galileu. Contudo, o papel das mulheres em diversas descobertas científicas é muitas vezes esquecido ou deixado de lado.
Apesar dos desafios impostos pela sociedade, muitas mulheres dedicaram suas vidas à pesquisa e à inovação, rompendo barreiras e fazendo contribuições fundamentais para diversas áreas do conhecimento. Vamos explorar alguns dos nomes que não podem ser ignorados ao falar de ciência.
Desafiando convenções: Nise da Silveira e a psiquiatria no Brasil
Nise da Silveira é um exemplo de mulher que desafiou as normas de sua época. Nascida em 1905, ela ingressou na Medicina aos 21 anos e se dedicou à psiquiatria, tornando-se uma referência na área. Ela se opôs a tratamentos agressivos como eletrochoques e lobotomia, buscando alternativas mais humanas para lidar com pacientes.
Sua pesquisa sobre as relações emocionais entre seres humanos e animais foi pioneira e inovadora, abrindo novas perspectivas para o tratamento psicológico. A universidade e a sociedade reconhecem, até hoje, sua contribuição para uma abordagem mais ética e científica na medicina.

Marie Curie: A primeira mulher a conquistar o Nobel
Quando falamos em Marie Curie, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, a palavra “inovação” vem imediatamente à mente. Curie, que dedicou sua vida ao estudo da radioatividade, fez descobertas fundamentais, como a identificação dos elementos polônio e rádio.
Ela não só foi a primeira mulher a ser laureada com o Nobel, como também a primeira a receber a premiação em duas áreas distintas: Física (1903) e Química (1911). Curie se tornou também a primeira mulher a ensinar na Universidade de Paris, abrindo caminho para gerações de mulheres na academia e na ciência.

O DNA e o legado de Rosalind Franklin
Embora os nomes de Watson e Crick sejam amplamente associados à descoberta da estrutura do DNA, a contribuição de Rosalind Franklin foi essencial para esse avanço. Franklin, especialista em Física e Química, utilizou a cristalografia de raios-X para criar imagens que permitiram desvendar a famosa dupla hélice do DNA.
Seu trabalho foi minimizado, e ela morreu sem o reconhecimento devido. Apesar disso, sua pesquisa continua sendo vital para o entendimento da biologia molecular e sua importância é agora amplamente reconhecida.

Bertha Lutz e a luta pelos direitos das mulheres
Bertha Lutz foi uma das maiores biólogas do Brasil. Além de se destacar na área da zoologia, com pesquisas focadas em anfíbios, Bertha também foi uma líder importante na luta pelos direitos das mulheres.
Em 1945, ela esteve na Conferência de São Francisco, que fundou a Organização das Nações Unidas (ONU). Sua coragem e perseverança também ajudaram a garantir conquistas importantes para as mulheres no Brasil, especialmente em termos de direitos políticos e sociais.

Virginia Apgar: A cientista que salvou vidas de bebês
Virginia Apgar foi a responsável por criar a Escala Apgar, um método simples, porém eficaz, para avaliar a saúde dos recém-nascidos. A escala, utilizada até hoje, revolucionou a medicina neonatal, diminuindo a mortalidade infantil em diversas partes do mundo.
Virginia foi uma pioneira não só na medicina, mas também no campo da anestesiologia, tornando-se a primeira mulher a liderar o serviço de anestesia de um hospital universitário nos Estados Unidos.

Gertrude Elion: Pioneira no combate à AIDS
A bioquímica Gertrude Elion fez descobertas revolucionárias no desenvolvimento de medicamentos que ajudaram a combater doenças como leucemia, gota e AIDS. Sua pesquisa levou à criação de fármacos que são usados até hoje para prevenir a rejeição em transplantes renais e para tratar diversas condições crônicas.
Elion recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1988, juntamente com dois outros cientistas, em reconhecimento à sua contribuição para o avanço da farmacologia e do tratamento de doenças infecciosas.

Johanna Dõbereiner: A revolução da soja no Brasil
Uma das maiores cientistas brasileiras do século XX, Johanna Dõbereiner foi responsável por avanços importantes na agricultura tropical, especialmente no cultivo da soja.
Sua pesquisa sobre a fixação biológica de nitrogênio foi essencial para o desenvolvimento agrícola brasileiro, ajudando a transformar o Brasil em um dos maiores produtores de soja do mundo. O impacto de sua pesquisa é sentido até hoje, e ela foi indicada ao Prêmio Nobel de Química em 1997.

Mary Anning: Desbravadora dos mistérios pré-históricos
Mary Anning não teve acesso à educação formal, mas isso não a impediu de se tornar uma das maiores paleontólogas de todos os tempos. Ao longo de sua vida, ela fez descobertas que mudaram a forma como entendemos a história da Terra e da vida pré-histórica.
Aos 12 anos, Anning encontrou o primeiro fóssil de ictiossauro, uma descoberta que desafiou as teorias existentes sobre a evolução. Hoje, seus fósseis são exibidos no Museu de História Natural de Londres, e sua contribuição para a paleontologia é reconhecida globalmente.

Patricia Bath: A oftalmologista que quebrou barreiras
Patricia Bath, mulher e negra, enfrentou o duplo desafio de ser uma cientista em uma área dominada por homens e também de romper as barreiras de raça. Com uma visão inovadora, ela desenvolveu tratamentos para catarata, focando principalmente nas comunidades pobres. Bath foi a primeira mulher a ser professora de oftalmologia na Universidade da Califórnia e sua pesquisa trouxe benefícios que continuam a salvar vidas em todo o mundo.

Katherine Johnson: Matemática e heroína espacial
Katherine Johnson foi uma matemática fundamental para o sucesso das missões espaciais da NASA. Ela começou sua carreira como computadora humana e, com o tempo, foi promovida a líder de cálculos.
Seus cálculos precisos garantiram a trajetória de astronautas em missões históricas para a Lua e Marte. Sua história inspirou o filme “Estrelas Além do Tempo”, mostrando como ela superou as barreiras de gênero e raça em um ambiente dominado por homens.

O caminho para a inclusão das mulheres na ciência
Embora essas mulheres tenham feito contribuições notáveis para a ciência, ainda existem muitos desafios para garantir uma maior participação feminina em áreas como engenharia, tecnologia e matemática.
O efeito tesoura é um dos fenômenos que explica a exclusão das mulheres desses campos, que se veem constantemente privadas de oportunidades e apoio. Para mudar esse cenário, é necessário não apenas apoio institucional, mas também políticas que incentivem a inclusão de meninas e mulheres nas áreas científicas.
Veja um pouco mais sobre essas mulheres..