Desde que o Rio Sena foi escolhido como cenário para os esportes aquáticos das Olimpíadas de Paris, muita gente torceu o nariz. Agora as autoridades francesas acabam de nos dar motivos para redobrar o embrulho no estômago: o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos anunciou que a água ainda não está própria para banho. Modalidades como Triatlo estão previstas para acontecer no afluxo.
Testes e mais Testes
No dia 16 de junho, foram realizados testes para medir a qualidade da água do Sena, seguidos por um relatório divulgado pelo subprefeito de Paris, Marc Guillaume, no dia 21 de junho:
“As amostras do Sena não atendem aos padrões que teremos neste verão, quando os Jogos Olímpicos forem realizados de 26 de julho a 11 de agosto”, afirmou Marc.
O relatório da análise indica a presença de uma alta concentração de E. coli, uma bactéria perigosa que pode causar sérias infecções intestinais, colocando em risco a saúde dos atletas.
É mais que cocô
As causas da poluição persistente do Sena são diversas. Paris enfrentou o início de ano mais chuvoso dos últimos 30 anos, com uma média de 220 mm de precipitação entre janeiro e março, superando o recorde de 1995. Chuvas excessivas aumentaram o nível do rio e carregaram mais poluentes para suas águas, dificultando os esforços de limpeza.
Um grande projeto de infraestrutura foi implementado para tentar resolver o problema, incluindo a construção do Bassin D’Austerlitz, um tanque enorme destinado a conter águas da chuva e esgoto, como forma de evitar que tais resíduos cheguem ao rio. O tanque, que tem capacidade para armazenar até 50.000 m³ de água, representa um investimento de cerca de 1,4 bilhão de euros e é um componente vital na estratégia de limpeza do Sena.
Já foi modinha
Curiosamente, nadar no Sena era uma prática comum até os anos 40, quando a poluição ainda não havia atingido os níveis alarmantes da atualidade: o que obrigou os parisienses a abandonarem a prática ao longo das décadas subsequentes. Apesar da imundície persistente, as autoridades permanecem otimistas.
A ministra dos esportes, Amélie Oudéa-Castera, declarou confiança na capacidade de cumprir o calendário das provas, apostando em melhores condições meteorológicas para garantir o sucesso dos eventos aquáticos durante os Jogos. O Comitê Olímpico de 2024 cogita, caso o prazo de limpeza aumente, postergar em alguns dias a data de início das provas aquáticas.
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