Pesquisa analisou milhões de postagens no Facebook e destaca o papel das redes sociais na propagação de informações superficiais.
As redes sociais transformaram a forma como consumimos e compartilhamos informações. No entanto, um novo estudo da Universidade Estadual da Pensilvânia revelou que 3 em cada 4 pessoas compartilham notícias sem sequer ler o conteúdo completo. A pesquisa, publicada na revista Nature, analisou 35 milhões de publicações no Facebook, abrangendo dados de 2017 a 2020.
Essa prática tem implicações sérias. O simples ato de confiar em títulos atraentes, que muitas vezes confirmam crenças pessoais, contribui para a disseminação de desinformação e enfraquece o debate público.
Por que as pessoas compartilham sem ler?
O estudo sugere que, para muitos usuários, os títulos bastam para validar suas opiniões. Esse comportamento foi observado em diferentes espectros ideológicos. De forma prática, pessoas de esquerda e direita utilizam manchetes que reforçam suas convicções para impulsionar engajamento.
Conforme Eugene Cho Snyder, coautor do estudo e professor no New Jersey Institute of Technology, “quanto mais um título se alinha à visão de mundo do usuário, maior é a probabilidade de compartilhamento sem leitura”. A análise reforça que a confirmação de viés desempenha papel central na decisão de compartilhar conteúdos.
O impacto na desinformação
Sem a leitura completa, os usuários frequentemente promovem conteúdos cujo contexto pode ser distorcido ou mesmo falso. Isso fortalece a circulação de notícias imprecisas e dificulta a construção de diálogos bem-informados.
Os pesquisadores destacam que combater esse fenômeno exige iniciativas de educação digital e maior conscientização sobre o impacto dessas práticas. Ler antes de compartilhar, mesmo que pareça um gesto simples, pode ajudar a reduzir o alcance de informações enganosas.