O colapso dos grandes jogos: A bolha da indústria de videogames estourou

A indústria de jogos enfrenta uma crise profunda, com orçamentos exorbitantes e um mercado saturado que prejudicam o desenvolvimento de novos títulos.

Atualmente, a indústria de videogames vive uma paradoxo. Para os jogadores, estamos em uma das melhores épocas, com uma enorme variedade de jogos disponíveis em consoles, handhelds e PCs. Isso se torna ainda mais acessível através de serviços de assinatura como Xbox Game Pass e PlayStation Plus.

Porém, do ponto de vista da indústria, a situação é desesperadora. Cada vez mais estúdios estão fechando suas portas, IPs originais estão sendo canceladas no meio do desenvolvimento e desenvolvedores, programadores, artistas e animadores estão sendo demitidos. Em resumo, a bolha dos jogos AAA finalmente estourou.

Nos últimos dois anos, mais de 23.000 empregos foram perdidos na indústria dos videogames, sendo 6.000 em janeiro de 2024. Mais de 30 estúdios de desenvolvimento de jogos, incluindo Arkane Austin, Volition e Firewalk Studios, encerraram suas atividades. E a tendência não mostra sinais de desaceleração.

O impacto dos orçamentos exorbitantes

O aumento nos custos de desenvolvimento de jogos também é uma das principais causas dessa crise. Há apenas cinco anos, o orçamento médio de um jogo AAA variava entre 50 a 150 milhões de dólares. Hoje, esse valor subiu para 200 milhões, com títulos como Call of Duty chegando a 300 milhões.

Um exemplo disso foi o Hyenas, da Sega, que, mesmo após sete anos de desenvolvimento, foi cancelado antes de ser lançado, com a empresa concluindo que não conseguiria recuperar o investimento. Outro caso notável foi o projeto Odyssey, da Blizzard, que também foi cancelado após a aquisição pela Microsoft.

A falta de investimento e de visão criativa levou à morte prematura do projeto, mesmo antes de ser lançado. Esses exemplos refletem um medo profundo das editoras em apostar em algo novo e original, preferindo apostar em IPs seguras.

Mudanças na indústria: o ocaso dos grandes jogos

Muitos jogadores estão perdendo interesse nesses grandes jogos

Apesar de possuir títulos como Infamous, Jak & Daxter, Killzone, Resistance e Sly Cooper, a Sony tem dificuldades para criar novos sucessos devido à falta de IP originais. Seu foco em projetos de live-service, um modelo que tem dominado o mercado, tem levado à negligência de títulos valiosos de seu catálogo.

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A mudança no mercado de live-service trouxe consequências. Agora, os jogos precisam competir com títulos como Fortnite e GTA Online, que dominam a cena há mais de uma década.

Esses jogos exigem investimentos enormes de tempo e dinheiro, algo que estúdios como o Firewalk Studios não conseguiram bancar com seu jogo Concord, que foi cancelado devido à falta de retorno financeiro.

O futuro dos jogos independentes

O fracasso de grandes projetos como Concord também reflete uma realidade mais ampla: muitos jogadores estão perdendo interesse nesses grandes jogos e começam a voltar sua atenção para títulos menores e independentes.

Jogos como UFO 50, Animal Well, Balatro e The Crimson Diamond têm mostrado que há um apetite renovado por experiências mais refinadas e divertidas. Esses jogos, apesar de suas diferenças, compartilham um foco na experiência refinada, resgatando os melhores aspectos de épocas anteriores.

Independentes e muitas vezes criados por pequenas equipes ou até mesmo desenvolvedores solo, esses títulos buscam entregar diversão sem a necessidade de mundos enormes ou de conteúdos sem fim.

Jogos menores, orçamentos gigantes

Porém, criar esses jogos menores não é fácil. Títulos como UFO 50, que foi criado por uma equipe de seis pessoas, e Animal Well e The Crimson Diamond, desenvolvidos por indivíduos sozinhos, exigem anos de dedicação e paixão. Essas experiências resgatam o que há de melhor no design de jogos, focando na diversão imediata.

A realidade do mercado de jogos parece estar se dividindo em duas direções. A primeira, continuar com orçamentos gigantescos e jogos de mundo aberto, mas que muitas vezes carecem de profundidade real. A segunda, optar por uma abordagem mais independente, com um foco em mecânicas de jogo e uma experiência mais pessoal.

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Jogos como esses demonstram que, por mais que o mercado de AAA esteja em declínio, ainda há um vasto espaço para títulos que valorizem a diversão acima de tudo.

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