Entre poesia, biografias e narrativas históricas, essas autoras trazem novas perspectivas e ampliam as vozes no mercado literário.
A literatura brasileira está passando por uma renovação transformadora, com autoras negras trazendo narrativas que dialogam com questões de identidade, resistência e diversidade. Essas vozes desafiam estereótipos, resgatam histórias e enriquecem o cenário cultural.
A seguir, conheça quatro escritoras negras em destaque que estão lançando obras marcantes no mercado.
4. Jarid Arraes: o sertão além dos clichês
Autora de Corpo Desfeito e do premiado Redemoinho em Dia Quente, Jarid Arraes já recebeu prêmios como o Biblioteca Nacional, APCA de Literatura na categoria Contos e foi finalista do Prêmio Jabuti. Suas histórias desafiam a visão tradicional do sertão brasileiro, apresentando um olhar urbano, colorido e cheio de complexidade.
Jarid comenta: “Com tudo o que escrevo, busco preencher as lacunas que fizeram parte da minha vida.” Apaixonada pela leitura desde jovem, ela sentia a ausência de personagens negros e nordestinos que fugissem dos estereótipos de miséria e chão rachado.
Além de sua produção literária, Jarid fundou o Clube da Escrita para Mulheres, em São Paulo, que celebra 10 anos de existência e já lançou mais de 70 obras. Com títulos como Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis e As Lendas de Dandara, ela continua a ampliar o espaço para narrativas negras e nordestinas na literatura contemporânea.
3. Isabel Filardis: representatividade e superação em sua autobiografia
Isabel Cristina Filardis foi um dos rostos mais marcantes dos anos 1990, trazendo uma importante contribuição para a representatividade negra na TV brasileira. Como atriz, participou de novelas e séries de grande audiência, inspirando uma geração de mulheres negras a ocuparem espaços de destaque no audiovisual.
Agora, Isabel narra sua trajetória em Muito Prazer, Isabel Cristina e Filades, uma autobiografia que celebra 51 anos de vida e 30 de carreira. A obra aborda temas como maternidade neurodiversa, já que seus três filhos são neurodivergentes, e os desafios que enfrentou em sua saúde e vida pessoal, como uma doença de pele rara, o diagnóstico de câncer e o impacto de um divórcio.
Com o livro, Isabel também homenageia referências que marcaram sua formação artística, como Ruth de Souza, Léa Garcia e Grande Otelo. “Gosto da vida, eu digo isso no livro,” afirma Isabel, que transforma suas experiências em uma mensagem poderosa de superação e resiliência.
2. Bell Puã: reescrevendo a história do Brasil em poesia
A poeta pernambucana Bell Puã lançou recentemente seu terceiro livro, Nossa História do Brasil: Pindorama em Poesia, uma obra que reinventa a narrativa histórica brasileira a partir das perspectivas negra e indígena.
Dividido em quatro capítulos, o livro explora séculos de história, desde a invasão europeia no século XVI até os desafios contemporâneos. Bell explica: “Este livro é um convite para conhecer uma história do Brasil que foge dos estereótipos eurocêntricos.”
Mestra em História pela UFPE, Bell combina sua formação acadêmica com uma poesia acessível e impactante. Sua obra é uma homenagem às quitandeiras, líderes indígenas e outras figuras marginalizadas, resgatando histórias muitas vezes ignoradas. O lançamento, realizado de forma independente, reflete sua busca por autonomia criativa e compromisso com a verdade histórica.
1. Natalia Soares: poesia e arte em movimento
Antropóloga, poeta e artista visual, Natalia Soares cria narrativas que transitam entre poesia, arte visual e performance. Seu mais recente projeto, Andamentos, é uma coletânea de poemas que explora identidade, cultura urbana e questões sociais contemporâneas.
Descrito como um “diário poético de viagens e reflexões,” o livro combina versos, colagens e vídeos, oferecendo ao leitor uma experiência imersiva. Natalia utiliza sua formação antropológica para criar obras que capturam as complexidades das relações humanas, explorando temas como migração, solidão e conexão nas grandes cidades.
Além do livro, Andamentos vem acompanhado de um zine de colagens e um curta-metragem produzido pela autora:
“Este projeto conecta meu olhar antropológico à minha produção artística, mesclando o íntimo e o coletivo em narrativas poéticas e visuais,” explica Natalia.
Para quem deseja mergulhar na obra e conhecer a autora, o lançamento será em Salvador e promete ser um evento especial:
- Data: 29 de novembro (sexta-feira)
- Horário: 19h
- Local: Casa Preta- Bairro 2 de Julho, centro de Salvador.
- Acompanhe: O livro e o zine estarão à venda no local e também no site da editora.
Vozes que transformam a literatura brasileira
Essas autoras mostram o poder transformador da literatura negra, trazendo narrativas que rompem com padrões tradicionais e oferecem visibilidade a histórias invisibilizadas. Seja pelas histórias do sertão de Jarid, os relatos de superação de Isabel, a visão histórica de Bell ou a experimentação artística de Natalia, essas obras enriquecem a literatura contemporânea, oferecendo novas formas de pensar e sentir o mundo.
Leia, compartilhe e celebre essas vozes que fazem a diferença!
Mais sobre a obra audiovisual de Natalia: