A demanda global por hidrogênio verde deve crescer mais de 60% ao ano até 2029, com destaque para a Europa e Ásia-Pacífico.
O mercado global de hidrogênio verde está em plena expansão e projeta um crescimento anual composto (CAGR) de mais de 60% até 2029. O avanço é impulsionado por políticas ambientais mais rigorosas, preocupações crescentes com a redução de emissões de carbono e o compromisso de diversos países em adotar fontes de energia mais sustentáveis.
Além disso, as aplicações do hidrogênio verde em setores como a indústria química, refino de petróleo, transporte e siderurgia estão ampliando a demanda por essa alternativa energética em nível global.
A Expansão do mercado global de hidrogênio verde
A Europa se destaca como o maior mercado de hidrogênio verde atualmente, em grande parte devido à expansão das instalações de fabricação na Alemanha, que lidera as iniciativas de descarbonização energética. O país tem metas ambiciosas, projetando uma demanda de 90 a 110 terawatts-hora (TWh) até 2030, com um crescimento contínuo que pode ultrapassar 600 TWh até 2050.
Para alcançar essas metas, a Alemanha investe pesado em infraestrutura de hidrogênio verde, buscando substituir fontes de energia poluentes e fósseis por alternativas mais limpas. O continente europeu vê o hidrogênio verde como uma peça fundamental para atingir suas metas de emissões líquidas zero até 2050.
Grandes players do mercado, como a Iberdrola e a Siemens Energy, estão à frente de projetos de larga escala para a produção de hidrogênio verde, com a Iberdrola, por exemplo, planejando produzir 350 mil toneladas de hidrogênio verde anualmente até 2030. São dados estatísticos impressionante.
Crescimento no mercado da Ásia-Pacífico e políticas favoráveis
Enquanto a Europa lidera em tamanho de mercado, a região da Ásia-Pacífico é a que mais cresce, impulsionada pela demanda crescente na China, Japão e Índia. O Japão, por exemplo, anunciou um investimento de US$ 3,4 bilhões de seu fundo de inovação verde para fomentar o uso de hidrogênio nos próximos 10 anos.
Já a China, maior produtora mundial de amônia, está rapidamente aumentando a capacidade de produção de hidrogênio verde, visando atender tanto ao mercado interno quanto à exportação. Nos Emirados Árabes Unidos, o hidrogênio verde também ganha força com a estratégia de alcançar 25% do mercado global de hidrogênio de baixo carbono até 2030.
A região aposta em seu potencial para liderar a transição energética no Oriente Médio, aproveitando os abundantes recursos de energia renovável e a infraestrutura de exportação já estabelecida.
Desafios e oportunidades no mercado de hidrogênio verde
Apesar das oportunidades, o custo elevado do hidrogênio verde ainda é um desafio que precisa ser superado. A produção por eletrólise — que utiliza eletricidade de fontes renováveis para dividir a água em hidrogênio e oxigênio — é uma tecnologia que requer um investimento inicial alto.
Entretanto, com a ampliação das escalas de produção e avanços tecnológicos, espera-se uma redução gradual desses custos ao longo dos próximos anos. O mercado de hidrogênio verde está relativamente consolidado.
Empresas como Siemens Energy, Air Products Inc., Air Liquide, Nel Hydrogen e Engie dominam uma fatia significativa do setor. Essas companhias estão na vanguarda da inovação, investindo em novas tecnologias e ampliando suas capacidades de produção para atender a demanda global crescente.
O Papel do Hidrogênio Verde na Indústria Química
A indústria química é um dos maiores consumidores de hidrogênio, com a União Europeia utilizando cerca de 10 milhões de toneladas de hidrogênio por ano, principalmente para a produção de amônia e em refinarias.
O hidrogênio verde, por não emitir carbono em sua produção, apresenta-se como uma alternativa sustentável ao hidrogênio cinza, que ainda responde por 95% da produção global. Além disso, o hidrogênio verde e seus derivados são vistos como soluções essenciais para a descarbonização de setores intensivos em energia.
Por exemplo, a indústria de fertilizantes, especialmente na China, demanda enormes quantidades de amônia — utilizada como matéria-prima para fertilizantes químicos. A transição para hidrogênio de baixo carbono poderia reduzir significativamente as emissões associadas a essas indústrias.
Perspectivas e potencial do Brasil no mercado de hidrogênio verde
Embora o crescimento do mercado global de hidrogênio verde seja evidente, o Brasil emerge como um potencial líder na produção desse recurso a baixo custo. Segundo o estudo da BloombergNEF, o país tem a possibilidade de produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo até 2030, com um custo de US$ 1,45 por quilo.
O Brasil possui uma matriz energética majoritariamente limpa, com mais de 80% da produção proveniente de fontes renováveis, o que lhe confere uma vantagem competitiva no cenário global. A combinação de energia eólica terrestre e eletrólise alcalina é considerada a rota mais eficiente para a produção de hidrogênio verde no Brasil.
Até 2030, o país planeja alcançar uma capacidade de produção de 3,8 gigawatts (GW), contribuindo significativamente para o total de 6,8 GW projetados para a América Latina. Com isso, o Brasil se posiciona não apenas como um grande mercado de energia renovável, mas também como um importante exportador de hidrogênio verde para o mundo.
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